Antónia da Conceição Lobo deu à luz, no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, uma menina de seu nome Flor Bela Lobo.

Flor Bela nasce fora do casamento já que a esposa de seu pai, João Maria Espanca, não consegue ter filhos. Trata-se de uma decisão do pai, que fez uso de um costume medieval, que permitia a um homem ter filhos fora do casamento caso a sua mulher fosse estéril.

Deste modo, e volvidos 7 anos de matrimónio infecundo, João Maria Espanca foi procurar a bela Antónia da Conceição, raptando-a segundo a melhor tradição romântica, acabando por instalá-la numa casa que pertencera à sua família, passando aí o período da gravidez.

Após o nascimento da filha, Antónia da Conceição vai para casa dos Espancas, para aí a amamentar.

Flor Bela é assim criada pela legítima mãe, pelo pai e pela mulher deste, Mariana do Carmo Inglesa Espanca, que será aliás sua madrinha de baptismo e que merecerá da afilhada (a quem deixou todos os seus bens aquando da sua morte) o tratamento de Mãe Mariana.

Um dos homens mais importantes na vida de Flor Bela foi o seu irmão Apeles, o ser humano que melhor compreendeu a sua irmã e o seu amparo espiritual.

Após a sua morte, Flor Bela jamais se recompôs: “Eu choro o meu maior amor, o meu orgulho, metade da minha alma.”

Em Outubro de 1899, Flor Bela começa a frequentar precocemente a secção infantil da Escola Primária de Vila Viçosa. Começando a escrever muito cedo, Flor Bela “altera” o seu nome para Florbela d’Alma da Conceição Espanca; supõem-se por influência Paterna. João Maria Espanca foi outra das figuras muito importantes na vida da poetisa.

Florbela Espanca escreve a 11 de Novembro de 1903 a sua primeira poesia conhecida intitulada “A vida e a morte”. No dia seguinte escreve o primeiro soneto que inícia com “A bondade o som de Deus”. Recorde-se que Florbela ainda não tinha 9 anos. Dada a dificuldade que esta composição poética representa, facilmente se conclui que muito cedo se gerou um génio, que já tinha insónias e a quem “as coisas da vida davam vontade de chorar”.